Atendimentos aconteceram no dia 11/09, das 15h30 às 18h30.

Texto: Carla Gavilan

Sob um calor de quase 40º C que as histórias se acumularam no atendimento itinerante da Van dos Direitos, realizado na última quinta-feira (11), na Vila Nhanhá, em Campo Grande.

A ação, voltada a pessoas em situação de rua, foi organizada pelo Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos (Nudedh) em parceria com a equipe do Consultório de Rua, da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), e atendeu pessoas como a senhora Vitória*, que buscou atendimento para resolver uma questão de superendividamento. E por trás de tantos boletos, a voz quase silenciosa de uma mãe enlutada. “Meu filho foi diagnosticado com uma doença muito grave e eu fui fazendo dívidas e dívidas para conseguir dar conta do acompanhamento, dos medicamentos... de tudo. Infelizmente não resolveu, porque ele faleceu e estou em uma situação de difícil para resolver isso”, conta a mulher, que recebeu todas as orientações no local e já está com o atendimento encaminhado pela Defensoria Pública de MS.

Resumo da notícia feito com Inteligência Artificial (IA), editado por humano: A Van dos Direitos levou atendimento a pessoas em situação de rua na Vila Nhanhá, em Campo Grande, em ação do Nudedh em parceria com o Consultório de Rua da Sesau.

Evento teve a parceria da Sesau, por meio da equipe do Consultório de Rua. 

Na mesa vizinha, um senhor de 62 anos pede ajuda para conseguir uma prótese dentária. “Não consigo me alimentar direito”, explica o idoso, que também não tem contato pessoal e nem endereço fixo para receber informações das consultas e exames.

Servidora do Nudedh em atendimento, Márcia Santos. 

“São pessoas que não ficam em um lugar fixo e não possuem, geralmente, um telefone pessoal. E aí a gente precisa encontrar uma solução para que, após esse nosso primeiro atendimento, a gente continue em contato com ele para informar as próximas etapas do serviço que ele precisa”, explica a servidora do Nudedh, Márcia de Campos Pires Santos.

“Temos o costume de registrar no cadastro a localização de onde a pessoa costuma ficar, ou o endereço de algum parente que ele costuma visitar, de um estabelecimento comercial. O que mais nos auxilia é a troca de informações entre a rede, com essas instituições, por exemplo, que estão aqui hoje. Nós nos ajudamos bastante na localização dessas pessoas”, complementa Márcia.

O registro errado dos números do CPF fez o assistido Marcelo* percorrer aproximadamente 5km até o atendimento da Van dos Direitos.  “Eu gosto de trabalhar, preciso trabalhar, mas com o CPF errado na minha certidão de nascimento, o RH das empresas não aceitam me contratar”, relatou.

Ação itinerante

Coordenada pelo Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos (Nudedh), essa foi mais uma ação voltada à população em situação da Capital.

Coordenadora do Nudedh com representantes da Pastoral das Favelas. 

A coordenadora do Nudedh, Thaisa Raquel Defante, explica que a proposta da Van dos Direitos é levar atendimento a quem mais precisa e nos locais onde essas pessoas estão.

Defensora Thaisa em atendimento no mutirão.

“Não é um evento isolado: temos trabalhado de forma contínua e ativa com esse público nos últimos anos, com a promoção da dignidade, do acesso à Justiça, da divulgação de orientações, acompanhamento e assistência. Atualmente, estamos organizando, inclusive, o 1º Censo da População em Situação de Rua de Campo Grande, em parceria com outras instituições. Muitas dessas pessoas vivem nessa situação porque enfrentam desafios complexos em suas vidas, como desemprego, divórcio ou falta de acesso a serviços essenciais, e nosso trabalho busca apoiá-las na superação dessas dificuldades. É uma forma de garantir que seus direitos sejam ouvidos e respeitados”, pontua Defante.

Servidoras do Nudedh, Keyze Milhomem e Marina Cangussu.

A edição da Van dos Direitos na Vila Nhanhá teve a participação, também, do coordenador do Núcleo do Sistema Penitenciário (Nuspen), Maurício Barbosa, e do defensor público Thales Chalub Cerqueira.

Coordenadora do Nudedh, Thaisa Defante; defensor Thales Chalub (camiseta branca) e coordenador do Nuspen, Mauricio Barbosa (camiseta verde).

*Nomes fictícios foram utilizados para preservar a imagem e os dados das pessoas atendidas na ação.