Antropóloga do Nupiir foi presencialmente conversar com os indígenas. (Foto: Jéssica Maciel)
Texto: Danielle Valentim
A Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul garantiu a soltura de três indígenas das etnias Guarani e Kaiowá presos após confronto entre a Polícia Militar durante uma retomada em Rio Brilhante, cidade localizada a 160 km de Campo Grande.
O trio, de dois homens e uma mulher, foi solto pela polícia no dia seguinte, após atuação conjunta do coordenador do Núcleo Institucional de Promoção e Defesa dos Povos Indígenas e da Igualdade Racial e Étnica (Nupiir), defensor público Lucas Colares Pimentel, e defensores públicos que atuam em Rio Brilhante, Cássio Sanches Barbi e Alberto Oksman.
De acordo com a antropóloga Jéssica Maciel, servidora do Nupiir, que foi presencialmente até à comunidade, os indígenas acionaram a Defensoria às 4h de sábado (3), por meio da rede indígena.
No período da manhã do dia seguinte, a Defensoria iniciou o contato com a comunidade Laranjeira Nhanderu, a fim de apurar as informações.
“Fomos informados que os indígenas do povo Kaiowá da comunidade Laranjeira Nhanderu tinham feito uma retomada em partes da Fazenda Inho, em um local de campo que já tinha sido feita a colheita da soja, e que não entraram na sede da propriedade. Conforme os relatos, a PM chegou por volta das 9h e às 13h30 aconteceu o confronto que deixou outros três indígenas feridos”, pontua a antropóloga.
Com a informação das prisões, o coordenador do Nupiir entrou em contato com os defensores que atuam em Rio Brilhante e, conjuntamente, iniciaram a defesa dos indígenas presos.
O pedido da Defensoria requereu a “concessão da liberdade provisória” e o “afastamento da fiança”. As solicitações foram deferidas pela Justiça.
No mesmo dia, a antropóloga do Nupiir iniciou a perícia antropológica na comunidade Laranjeira Nhanderu, para entender e identificar o que ocorreu desde o começo do processo de retomada que resultou na prisão dos indígenas da etnia Kaiowá da comunidade.
De acordo com a polícia militar, os indígenas foram presos por desacato, desobediência e resistência.
A ministra do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), Sonia Guajajara, se manifestou por meio de nota sobre o ocorrido. “É inadmissível uma ação que avance sob corpos e territórios indígenas com tamanha violência, como foi relatado. Os Guarani-Kaiowá estão ali lutando pelo direito que lhes é garantido por lei e sabem que podem contar com o apoio e resguardo tanto do MPI, quanto da Funai, que foi impedida de acompanhar a ação”, destacou.