Texto: Danielle Valentim
Evento da Escola Superior da Defensoria Pública de MS debateu o tema “Mulheres Negras e Espaços de Poder e Decisão” com a palestrante premiada pela ONU, Sheila Carvalho. A advogada é uma das 100 pessoas mais influentes do mundo.
O encontro virtual levantou a importante discussão sobre uma luta dupla: racismo e gênero. A mediadora, defensora pública Sara Cursino Martins de Oliveira, iniciou questionando os avanços na representativa feminina negra.“A pergunta é: a representatividade das mulheres negras nos espaços de decisão tem, pelos menos, melhorado? ”, questionou.
Resgatando a criação do termo interseccionalidade, o ponto principal da luta contra o racismo e gênero, a convidada especial, que é coordenadora do Núcleo de Violência Institucional da Comissão de Direitos Humanos da OAB/SP, destacou a experiência de Kimberlé Crenshaw, uma estudiosa afro-estadunidense que na década de 1970, em meio à segregação racial, foi excluída até por seus companheiros negros pelo fato de ser mulher.
“Estamos avançando e conseguindo olhar esse abismo que difere mundos, especialmente quando falamos de mulheres negras. Acredito que muitos já estejam familiarizados com a ideia da interseccionalidade, que é mais uma ferramenta metodológica de avaliação. Mas a história de como o termo foi criado é muito interessante. Quando Kimberlé Crenshaw foi impedida de participar do centro acadêmico, mas seus colegas negros puderam entrar e, simplesmente, a deixaram de fora, ela passou a refletir que a luta não seria apenas contra o racismo, mas na questão de gênero”, iniciou a palestrante.
A palestrante destacou também a diferença do processo histórico da luta da mulher negra e da mulher branca, principalmente quando se compara as pautas. E destacou o porquê do feminismo decolonial e antirracista.
“Uma das grandes agendas da mulher branca foi o de acesso ao trabalho, porque as mulheres brancas casavam e passavam a cuidar de casa. Já as mulheres negras não tinham a mesma dinâmica, porque sempre tiveram um trabalho doméstico na casa dos outros. Conforme as mulheres brancas foram avançando no mercado de trabalho, as negras continuaram na mesma situação, no trabalho doméstico e de baixo reconhecimento”, pontuou.
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