(Texto: Guilherme Henri)
A “Uberização da economia e os impactos na saúde e seguridade social do trabalhador” foi o tema de debate virtual realizado pela Escola Superior da Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul (ESDP).
A temática teve como convidado especial o renomado economista Eduardo Moreira.
O defensor público Guilherme Lunelli, mediador do evento, questionou o novo modelo de negócios de empresas que enriqueceram até mesmo diante da pandemia provocada pelo novo coronavírus.
“Vivemos em um mundo onde a maior empresa de hospedagem não tem nenhum hotel, a maior empresa de delivery não tem nenhuma moto e a maior empresa de transporte não tem nenhum veículo. O grande questionamento é: como gerar riqueza de algo que é imaterial? Quem que está pagando esta conta? Como estas fortunas estão sendo formadas? ”, destacou.
E a resposta, conforme o palestrante Eduardo Moreira, é simples: a chave é o prestador do serviço.
“A ideia nesse modelo é que a máxima dos lucros é diminuir todos os seus custos. E qual é o principal custo, normalmente, que você tem? O custo da mão de obra. Quando você permite que a sua mão de obra trabalhe em cinco ‘bicos’ diferentes, o que acontece com o preço da mão de obra? Ele cai! E cai por dois simples motivos: primeiro, porque você não tem mais os custos dos encargos trabalhistas; e segundo, porque a oferta de mão de obra aumenta. E com mais trabalhador no mercado maior o poder de barganha do detentor de riqueza”, explica.
Após outras considerações, o especialista finalizou enfatizando as consequências deste modelo econômico.
“A empresa passa somente a pagar pelo tempo efetivo de produção. Ou seja, o trabalhador passa a não ter direito nem a um copo de água sem gerar um custo para ele mesmo. Como não tem outra escolha, o trabalhador passa a ter que aumentar sua produtividade em mais de um local de trabalho diminuindo, assim, consideravelmente a longo prazo a sua ‘vida útil’ de mão de obra”, completou.
Assista aqui o debate completo.