Texto: Danielle Valentim
A Defensoria Pública de MS, por meio do Núcleo Institucional de Promoção e Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Nudeca), Núcleo Institucional de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher (Nudem) e Núcleo de Ações Institucionais e Estratégicas (Nae), instaurou um Procedimento de Apuração Preliminar (PAP) que investiga os serviços de atendimento psicológico oferecidos a crianças e adolescentes filhos e filhas de mulheres vítimas de violência doméstica.
Com o procedimento já foi registrado que de 20 casos avaliados, apenas um teve encaminhamento dos filhos de uma mulher vítima de violência doméstica ao atendimento psicológico, por parte da escola.
O relatório aponta que existe muita dificuldade em obter informação a respeito de quem está responsável por essas crianças e/ou adolescentes, como o contato dos familiares.
Das informações que já coletaram, núcleos planejam agora estabelecer com as instituições responsáveis um fluxo de trabalho para melhorar o atendimento. O tema será discutido em uma reunião ampliada, no dia 20 de maio, com todos os setores que promovem políticas públicas no Estado e Município.
“Nós entendemos que essas crianças e adolescentes também são vítimas de forma secundária porque presenciam o ato de violência contra a mãe”, explicou a coordenadora do Nudeca, defensora pública Débora Maria de Souza Paulino em entrevista ao telejornal Bom Dia MS, da TV Morena.
A coordenadora revelou que a investigação da Defensoria Pública reúne documentos que apontam que essas crianças e adolescentes que viveram a violência doméstica adquirem traumas.
“Essas vítimas secundárias que passaram pelo trauma da perda ou até mesmo de uma tentativa de homicídio contra a mãe se tornam homens que refazem o ciclo de violência e mulheres que aceitam a violência como um destino. Precisamos trabalhar essas crianças e adolescentes para ajudá-los a superar. Temos muitos adolescentes que passam por tentativas de suicídios e automutilação, ações causadas por causa da dor vivida pela perda de suas mães de forma tão trágica”, explicou.
Outro registro dos núcleos é que as famílias acabam peregrinando em busca desses serviços psicológicos e, sem atendimento, acabam desistindo.