Texto: Carla Gavilan Carvalho
A Defensoria Pública de MS realizou uma pesquisa sobre questões de gênero, voltada a defensoras públicas e servidoras, e teve a participação de 160 mulheres.
A iniciativa foi proposta pelo Núcleo Institucional de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher da Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul (Nudem) que aplicou o questionário entre os meses de novembro de 2019 e janeiro de 2020, através do portal dos servidores, sem caráter obrigatório.
De acordo com a coordenadora do núcleo, defensora pública Thais Dominato Silva Teixeira, o levantamento, que foi inspirado em uma pesquisa realizada pela Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, disponibilizada pelo Conselho Nacional dos Defensores Públicos Gerais (Condege), “teve como proposta mapear as dificuldades encontradas pelas mulheres dentro da Defensoria Pública, sendo o primeiro passo para o desenvolvimento de políticas institucionais na busca pela redução das desigualdades”, explicou.
Perfil
Atuam na Defensoria Pública de MS 207 defensoras e defensores públicos. Destes, 85 são mulheres. Já o quadro de servidores é formado por 426 pessoas, sendo 267 mulheres.
Das 160 mulheres que participaram da pesquisa, 37 são defensoras públicas e 123 são servidoras.
Do total, 108 informaram que são naturais de Campo Grande/MS, 60 possuem até 30 anos de idade e 76 das entrevistadas declaram que são casadas ou estão em uma união estável.
Maternidade e carreira
Dados da pesquisa refletem uma realidade evidenciada em âmbito nacional, na questão da maternidade, conforme aponta o Pnad/IBGE, de que as brasileiras estão optando por ter menos filhos. Das 160 mulheres entrevistadas que atuam na Defensoria Pública de MS, 91 informaram que não possuem filhos e outras 32 disseram ter apenas 1.
Também seguindo a realidade do cenário brasileiro referente à renda familiar, 128 mulheres participantes da pesquisa afirmam que são responsáveis por 50% ou mais da renda das suas famílias.
Sobre a escolaridade, 60 entrevistadas informaram possuir ensino superior completo, 60 concluíram uma pós-graduação lato sensu, 6 estão cursando uma pós-graduação estricto sensu e 1 possui pós-graduação estricto sensu completo.
Dentre as profissionais que participaram da entrevista, 108 disseram que já exerceram outra atividade profissional antes de ingressar na Defensoria, 137 dizem não ter ocupado outro cargo como servidora pública antes de ingressar na Defensoria Pública de MS e 111 têm até 10 anos de atuação na instituição.
Convívio profissional
Uma parte do levantamento realizado pelo Nudem destaca a relação entre homens e mulheres no ambiente profissional da Defensoria Pública de MS. As respostas dessas questões foram respondidas a partir dos seguintes itens:
- Discordo totalmente,
- Discordo,
- Concordo,
- Concordo totalmente, e
- Não se aplica.
Na questão apresentada “Já tive que realizar algum trabalho abaixo do meu nível de competência e/ou tive que realizar tarefa mais simples pelo fato de ser mulher”, 127 participantes informaram discordar ou que discordam totalmente da afirmação.
Quando questionadas se suas “opiniões ou pontos de vista já foram minimizados ou relativizados em reuniões de trabalho pelo fato de ser mulher”, 117 apenas discordam ou discordam totalmente contra 20 que afirmaram concordar com a questão exposta.
Na pergunta “já deixei de ser escolhida para uma função de chefia pelo fato de ser mulher”, 48 participantes discordam totalmente, outras 71 discordam, 4 concordam e 2 concordam totalmente.
A pesquisa também trouxe a seguinte questão: “Já sofri discriminação no ambiente de trabalho em razão da minha orientação sexual”, a qual 128 mulheres discordaram ou discordam totalmente enquanto 3 participantes concordaram.
Atuação na Defensoria Pública de MS
Dentre as perguntas relacionadas à atuação profissional na Defensoria Pública de MS, está quais seriam os fatores que influenciaram na decisão de ingressar na instituição.
As alternativas mais selecionadas foram:
“Possibilidade de trabalhar para pessoas em situação de vulnerabilidade social”, escolhida 113 vezes, e “oportunidade de desenvolver um trabalho social”, selecionada 81 vezes pelas entrevistadas.
Ao serem questionadas se estão felizes com a escolha profissional de atuarem na Defensoria Pública de MS, 157 concordar totalmente ou concordam com a afirmação e somente 3 afirmaram não estarem felizes profissionalmente.
O defensor público-geral, Fábio Rogério Rombi da Silva, explica que, apesar de ser uma primeira iniciativa, a pesquisa revela informações importantes sobre a Defensoria Pública a partir do olhar das mulheres que trabalham na instituição.
“Com esse perfil das nossas defensoras públicas e servidoras temos a oportunidade de elaborar projetos, eventos, normas e parcerias que proporcionem, cada vez mais, a equidade, a inclusão e a melhoria do nosso ambiente de trabalho, na gestão de pessoas e processos. Isso, certamente, impacta nos serviços que disponibilizamos à população”, pontua.