Nessa quarta-feira (11) foi realizada a última aula e a entrega dos certificados de conclusão do curso continuado “Defensores Cidadãos”, realizado pela Escola Superior da Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul. O evento teve início em setembro e em três meses abordou diversos temas jurídicos e sociais a um grupo diverso, desde líderes de movimentos sociais até donas de casa.
Neuza Socorro da Silva, de 56 anos, foi uma dessas alunas. Com orgulho, afirma que não perdeu uma aula sequer. Ela desenvolve um projeto voluntário de profissionalização para mulheres com mais de 50 anos e acredita que tudo o que aprendeu possa ser aproveitado para ajudar essas famílias.
“Tudo o que vi aqui pode ser usado no dia a dia do projeto. Problemas de herança, criação de filhos, direitos do consumidor frente aos serviços essenciais de água e luz, tudo acontece na vida dessas mulheres que eu atendo. Eu ofereço um curso de bolos e salgados a elas e, enquanto os quitutes assam, aproveito o tempo para levar essas informações que adquiri aqui”, comentou.
O que Neuza aborda com suas alunas foi o que ela aprendeu nessas 23 aulas. Dos direitos de pessoas com deficiência até a problemática da violência doméstica e de gênero. Questões que envolvem a vida de muitas brasileiras e brasileiros.
Nesse último dia, a 2ª subdefensora pública-geral, Vadirene Gaetani Faria, ministrou uma palestra sobre responsabilidade familiar perante os desafios sociais e, com o defensor público-geral, Fábio Rogério Rombi da Silva, entregou os certificados de conclusão do curso a 51 pessoas.
Em seu pronunciamento, o defensor-geral falou sobre o principal fundamento do curso: promover mudanças sociais por meio da educação. “Cabe a nós agirmos como agentes de transformação perante esta sociedade tão desigual. Conhecimento é poder, é a chave, a ferramenta para qualquer mudança”.
Responsabilidade Familiar
Em sua fala, a 2ª subdefensora-geral pontou que a educação não é papel somente da escola, mas também da família. “Se o primeiro núcleo social de uma pessoa é a família, ela vai reproduzir na sociedade o que experimenta neste núcleo primário. Então, a violência nas escolas, a violência de gênero, também tem um início com os ensinamentos familiares”.
A defensora pública afirmou que começou a abordar esta temática após trabalhar por muitos anos em todas as áreas de atuação da Institituição. “Passei por comarcas e núcleos diferentes, da família até o atendimento a adolescentes em conflito com a lei e percebi que muitos problemas têm início em casa”, concluiu dizendo que é possível exercer autoridade sem agressividade e que dizer não é um ato de amor.
Constituição Cidadã
Todos os alunos e alunas receberam de presente uma Constituição Federal de 1988. “Esse gesto é para lembrá-los que os princípios ensinados nesse curso estão na nossa Magna Carta, conhecida como Constituição Cidadã”, explicou a diretora da ESDP, defensora pública Camila Maués dos Santos Flausino.
A diretora da Escola também avisou que o curso terá outra edição em 2020 e que os temas abordados serão debatidos previamente com a população. “Já temos data para realização da próxima edição com a primeira aula já marcada, mas estamos abertos para receber sugestões de temáticas”.
Todas as aulas foram ministradas por defensoras, defensores, servidoras, servidores e pessoas convidadas de diversas Instituições. A Escola Superior da Defensoria Pública fica na Rua Raul Pires Barbosa, 1519, no bairro Chácara Cachoeira, em Campo Grande.
Texto: Lucas Pellicioni