Os aspectos jurídicos e sociais da violência de gênero foram esclarecidos em um workshop realizado pelo Núcleo Institucional de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher da Defensoria Pública (Nudem) com o objetivo de formar multiplicadores na área da educação.
O evento foi voltado para professores, diretores e coordenadores de escola e demais profissionais da educação. Essa foi a segunda edição do “workshop por uma escola mais democrática”.
A programação foi formada por duas palestras com especialistas na temática. Na primeira, a defensora pública Graziele Carra Dias Ocáriz explicou alguns conceitos fundamentais para a prevenção da violência de gênero, como o ciclo da violência e as formas desta agressão.
“A lei Maria da Penha pode ser muito útil no ambiente escolar, no sentido em que você passa a saber identificar violências entre alunos, agressões dos familiares às crianças e adolescentes ou mesmo violências dentro das famílias”, explicou.
Já a questão social da violência foi abordada pela doutora em Serviço Social, Estela Márcia Rondina Scandola, que é professora e pesquisadora da Escola de Saúde Pública de Mato Grosso do Sul, tutora da Residência Multiprofissional em Saúde do Hospital São Julião- HSJ e membro da Rede Feminista de Saúde.
Quem forma o cenário da escola? questionou a educadora. “A escola tem o estudante, o professor, o pessoal da administração, as cozinheiras, as pessoas da manutenção e limpeza, a família, os amigos, a comunidade do entorno. No território da escola tem de tudo. Tem as igrejas, de todas as matizes, tem saúde, educação, assistência social, segurança pública, tem o ponto de droga, as mulheres do grupo de oração, tá tudo ali na comunidade. Nesse sentido não é possível dizer que escola existe em si. Toda escola que quer existir em si está fadada ao fracasso, porque ela existe no mundo”.
Segundo Estela, todos esses locais são lugares de aprendizagem, com aspectos positivos e negativos. Um dos desafios dos educadores é lidar com a formação de preconceitos como o machismo, o racismo e a homofobia.
“Esses preconceitos vão determinando os lugares certos e errados e nós normatizamos os problemas, a desigualdade e as injustiças”.
Na perspectiva do combate à violência, a educadora ensinou que o primeiro papel da escola é aprender a escutar. “Às vezes escutar a fala e o silêncio. Perceber quando uma criança ou adolescente que não fala nada mudou sua forma de ser na escola. A gente precisa prestar atenção. Investigar se tem um sinal diferente, seja no aluno, na professora, na faxineira”.
“A escola é um lugar lindo, é uma possibilidade do exercício de se conviver com diversidades, enfrentar as desigualdades, mas, sobretudo, é um lugar onde se pode ter a coragem de mudar o mundo”, finalizou.